"Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
(...)"
(Carlos Drummond de Andrade)
domingo, 27 de setembro de 2009
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Quanto à chuva,
Tradução literal do poema "Il pleut", do cubista francês Apollinaire:
"Chove
Chovem as vozes das mulheres como se elas estivessem mortas
mesmo na lembrança
É você também que chove gotículas de maravilhosos encontros de
minha vida
E essas nuvens turbulentas se põem a relinchar todo um universo
de cidades sonoras
Escute se chove enquanto o remorso e o desprezo choram uma
antiga música
Escute caírem os laços que te prendem no alto e embaixo"
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Quanto ao meu entendimento,
Perguntaram-me certo dia sobre como seria, no meu entendimento, a 3ª Guerra Mundial. Poderiam ser feitas as mais absurdas e infundadas previsões a respeito de tal tema. Antes fosse, mas a verdade é que uma 3ª guerra parece estar cada vez mais próxima. Com os novos planos de aquisição pela União de aviões supersônicos e submarinos nucleares, a população brasileira deve aguardar algo grande. Portanto, deixem sempre seus talheres bem afiados, nunca se sabe até onde estamos protegidos. Fica a dica.
O Brasil com seus invejáveis recursos naturais precisa é ficar atento e parar de dar motivos a futuros "auxílios" extraterritoriais de potências como os Estados Unidos, por exemplo. Afinal, por recursos bem menos vitais, eles invadiram o território afeganistão - onde se encontram, por sinal, grandes reservas de petróleo - para, supostamente, "auxiliar" conflitos internos e combater o Talibã. Recentemente, visando "auxiliar" a Colômbia na luta contra as FARC, os norte-americanos estão instalando bases militares em território colombiano. Corrija-me se eu estiver errada, seria loucura minha ou a fronteira brasil-colombiana é uma baita de uma porta de entrada para a Amazônia brasileira? Ah é... ele já estão lá.
Thatiane C. Pires
Quanto à condenação,
Não é possível determinar ao certo o tamanho das consequências da 2ª Guerra Mundial, em meio a tantas perdas econômicas, políticas e, principalmente, sócio-culturais. Tal ocorrido jamais será esquecido, ainda que muitos prefiram negá-lo ou guardá-lo no íntimo da memória, seja por acharem-no doloroso, vergonhoso, revoltante, complicado, inacreditável. As atrocidades cometidas pelos nazistas nos campos de concentração alemães representam feridas de difícil cicatrização na história européia.
É mais fácil imaginar o sentimento das novas gerações de judeus ao pensarem em como seus antepassados tiveram seus bens desapropriados, sendo submetidos a cruéis torturas e a frias e calculistas mortes, do que pensar em como a geração subsequente de alemães encara tal fato. Esse tema faz parte do enredo do romance "O Leitor", de Bernhard Schlink, no qual o protagonista, um jovem alemão estudante de Direito, se envolve no julgamento de casos de crime da 2ª Guerra Mundial.
O ato de julgar fatos que não forão previamente presenciados e que estão inseridos num contexto histórico adverso do qual se vive é, sem dúvida, complexo e arriscado. À primeira vista, as gerações de alemães pós III Reich, ainda que não se sintam confortáveis sob a sombra de um passado do qual não participaram, tendem a condenar seus pais e avós à vergonha. Vergonha por terem consentido calados à ascenção nazista, ou por terem participado de alguma maneira do holocausto, ou ainda por aceitarem conviver junto aos antigos cárceres e generais nazistas.
Nenhum critério de julgamento é válido, porém, se não forem levadas em conta todas as irrelevâncias. Os argumentos devem ser claros e flexíveis para não se correr o risco de compor uma opinião meramente superficial. Talvez a situação tenha saído do controle e o sonho alemão de crescimento tenha, por isso, atropelado outras nações. Talvez a falta de perspectiva de um futuro tenha os levado a depositar a máxima confiança e esperança em um Führer que se revelou de uma doentia perseguição motivada por traumas pessoais ou por pura maldade e malícia, afinal alguém deveria assumir a culpa pelo declínio do país.
Vale ressaltar que o desejo de expansão era compartilhado por outras potências imperialistas e que a guerra foi consequência de diversos fatores, principalmente devido a questões mal resolvidas com o término da 1ª Guerra Mundial. É claro que nada justifica o genocídio cometido e as absurdas ações desumanas realizadas nos campos de concentração. Mas será que a maior parte dos alemães poderia ter previsto tais fatos? Não teriam ficado também surpresos com o rumo tomado pelos que estavam no poder? Talvez tivesse sido tarde demais e já estava fora do alcance da população parar a guerra. À nova geração alemã restam apenas suposições a serem feitas. Se o passado lhes embaraça e incomoda, nunca é tarde para auxiliar a amenizar os reflexos do que se passou.
Thatiane C. Pires
(Breve reflexão literária e comentários sobre a temática do livro "O Leitor", de Bernhard Schlink)
domingo, 10 de maio de 2009
Quanto a regalos,
"Un olor a tabaco y Channel
Me recuerda el olor de su piel.
Una mezcla de miel y café
Me recuerda el sabor de sus besos.
El color del final de la noche
Me pregunta dónde fui a parar, dónde estás,
Que esto solo se vive una vez,
Dónde fuiste a parar, dónde estás.
Un olor a tabaco y Channel
Y una mezcla de miel y café
Me preguntan por ella.
Me preguntan por ella.
Me preguntan también las estrellas,
Me reclaman que vuelva por ella.
Ay, que vuelva por ella.
Ay que vuelva por ella.
No se olvida, no se va. (...)
Una rosa que no floreció,
Pero que el tiempo no la marchita.
Una flor prometida, un amor que no fue,
Pero que sigue viva.
Y otra vez el color del final de la noche
Me pregunta dónde fui a parar,
Que esto solo se vive una vez,
Dónde fuiste a parar, dónde estás.
(...) Pero fueron las mismas estrellas que un día
Marcaron mis manos
Y apartaron la flor, esa flor de mi vida,
De mi vida."
(Tabaco y Channel - Bacilos)
Me recuerda el olor de su piel.
Una mezcla de miel y café
Me recuerda el sabor de sus besos.
El color del final de la noche
Me pregunta dónde fui a parar, dónde estás,
Que esto solo se vive una vez,
Dónde fuiste a parar, dónde estás.
Un olor a tabaco y Channel
Y una mezcla de miel y café
Me preguntan por ella.
Me preguntan por ella.
Me preguntan también las estrellas,
Me reclaman que vuelva por ella.
Ay, que vuelva por ella.
Ay que vuelva por ella.
No se olvida, no se va. (...)
Una rosa que no floreció,
Pero que el tiempo no la marchita.
Una flor prometida, un amor que no fue,
Pero que sigue viva.
Y otra vez el color del final de la noche
Me pregunta dónde fui a parar,
Que esto solo se vive una vez,
Dónde fuiste a parar, dónde estás.
(...) Pero fueron las mismas estrellas que un día
Marcaron mis manos
Y apartaron la flor, esa flor de mi vida,
De mi vida."
(Tabaco y Channel - Bacilos)
segunda-feira, 16 de março de 2009
Quanto a uma linguagem universal,
Quem nunca teve a oportunidade de ir a um concerto de música, certamente ainda não descobriu um dos prazeres mais singulares, profundos e sinestésicos, ouso dizer até, quase surreais. Daqueles prazeres que reviram os sentidos. Demasiados adjetivos, será? Se deixamo-nos envolver por completo pela beleza da sinfonia, ao chegarmos ao allegretto final, já não distinguimos mais o chão do teto.
Ao início, suavemente os metais cantam como passarinhos. É como se a Chapeuzinho Vermelho colhesse flores para a Vovozinha, enquanto caminhava pelo bosque. Porém, tudo que está calmo demais, tranquilo demais, assim não permanece por muito mais tempo - principalmente se estamos no início do concerto.
Quando o tímpano troveja, um arrepio sobre a espinha. É quando o Lobo Mau ataca a Vovozinha. não me interpreta mal, leitor. O que estou tentando expressar por essas palavras, aparentemente sem coerência, é o quão perfeita a música instrumental pode ser enquanto linguagem. Quanto pode ser expresso, quanto pode ser dito através das vibrações das cordas, quantas podem ser as interpretações?
Uma composição alemã pode muito bem agradar os ouvidos argentinos, assim como a música coreana pode ser desfrutada por um norueguês. Para que a linguagem universal funcione, basta um executor - um músico - e um ouvinte. É claro que o significado da música expressa pode não ser o mesmo da assimilada. Aí aparecem as diversas interpretações atribuídas a uma mesma melodia.
Agora, já não tenho mais receios de ser mal entendida. Posso jurar ter visto - em minha imaginação, caso ainda não esteja claro - o nascimento de minha irmã, quando a orquestra chegou ao ápice, ao extremo brilho, à explosão de tons e nuances de um acorde maior de grande intensidade e harmonia, onde o profundo som dos metais e madeiras reunidos invadiu, sem receio nem pudor, todo o meu corpo.
No desfecho, tanto da sinfonia como do texto, cabe ao compositor dar seu toque final. Cabe a ele a resolução trágica, alegre, extasiante ou, no mínimo, dramática. Para mim, após o bosque, a Chapeuzinho, o Lobo Mau e o nascimento, veio o poente e, como em chamas, praticamente sem fôlego, o espetáculo acabou.
Thatiane C. Pires
Ao início, suavemente os metais cantam como passarinhos. É como se a Chapeuzinho Vermelho colhesse flores para a Vovozinha, enquanto caminhava pelo bosque. Porém, tudo que está calmo demais, tranquilo demais, assim não permanece por muito mais tempo - principalmente se estamos no início do concerto.
Quando o tímpano troveja, um arrepio sobre a espinha. É quando o Lobo Mau ataca a Vovozinha. não me interpreta mal, leitor. O que estou tentando expressar por essas palavras, aparentemente sem coerência, é o quão perfeita a música instrumental pode ser enquanto linguagem. Quanto pode ser expresso, quanto pode ser dito através das vibrações das cordas, quantas podem ser as interpretações?
Uma composição alemã pode muito bem agradar os ouvidos argentinos, assim como a música coreana pode ser desfrutada por um norueguês. Para que a linguagem universal funcione, basta um executor - um músico - e um ouvinte. É claro que o significado da música expressa pode não ser o mesmo da assimilada. Aí aparecem as diversas interpretações atribuídas a uma mesma melodia.
Agora, já não tenho mais receios de ser mal entendida. Posso jurar ter visto - em minha imaginação, caso ainda não esteja claro - o nascimento de minha irmã, quando a orquestra chegou ao ápice, ao extremo brilho, à explosão de tons e nuances de um acorde maior de grande intensidade e harmonia, onde o profundo som dos metais e madeiras reunidos invadiu, sem receio nem pudor, todo o meu corpo.
No desfecho, tanto da sinfonia como do texto, cabe ao compositor dar seu toque final. Cabe a ele a resolução trágica, alegre, extasiante ou, no mínimo, dramática. Para mim, após o bosque, a Chapeuzinho, o Lobo Mau e o nascimento, veio o poente e, como em chamas, praticamente sem fôlego, o espetáculo acabou.
Thatiane C. Pires
segunda-feira, 9 de março de 2009
Quanto ao vento,
Posso ouvir o vento passar,
Assistir a onda bater,
Mas o estrago que faz
A vida é curta pra ver.
Eu pensei que quando eu morrer
Vou acordar para o tempo
E para o tempo parar.
Um século, um mês
Três vidas e mais
Um passo pra trás?
Por que será?
Vou pensar.
Como pode alguém sonhar
O que é impossível saber.
Não te dizer o que eu penso
Já é pensar em dizer.
Isso eu vi, o vento leva!
Não sei mas sinto que é como sonhar
Que o esforço pra lembrar
É vontade de esquecer
E isso por que?
(diz mais)
Se a gente já não sabe mais
Rir um do outro meu bem,
Então o que resta é chorar
E talvez,
se tem que durar,
Vem renascido o amor
bento de lágrimas.
Um século, três
Se as vidas atrás
São parte de nós
E como será?
O vento vai dizer lento que virá
E se chover demais,
A gente vai saber,
Claro de um trovão,
Se alguém depois sorrir em paz
(Só de encontrar...)
(O Vento - Los Hermanos)
Assistir a onda bater,
Mas o estrago que faz
A vida é curta pra ver.
Eu pensei que quando eu morrer
Vou acordar para o tempo
E para o tempo parar.
Um século, um mês
Três vidas e mais
Um passo pra trás?
Por que será?
Vou pensar.
Como pode alguém sonhar
O que é impossível saber.
Não te dizer o que eu penso
Já é pensar em dizer.
Isso eu vi, o vento leva!
Não sei mas sinto que é como sonhar
Que o esforço pra lembrar
É vontade de esquecer
E isso por que?
(diz mais)
Se a gente já não sabe mais
Rir um do outro meu bem,
Então o que resta é chorar
E talvez,
se tem que durar,
Vem renascido o amor
bento de lágrimas.
Um século, três
Se as vidas atrás
São parte de nós
E como será?
O vento vai dizer lento que virá
E se chover demais,
A gente vai saber,
Claro de um trovão,
Se alguém depois sorrir em paz
(Só de encontrar...)
(O Vento - Los Hermanos)
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
Quanto à moral e à ética,
"If the use of animal food be, in consequence, subversive to the peace of human society, how unwarrantable is the injustice and the barbarity which is exercised toward these miserable victims. They are called into existence by human artifice that they may drag out a short and miserable existence of slavery and disease, that their bodies may be mutilated, their social feelings outraged. It were much better that a sentient being should never have existed, than that it should have existed only to endure unmitigated misery."
"Never again may blood of bird or beast
Stain with its venomous stream a human feast,
To the pure skies in accusation steaming"
"It is only by softening and disguising dead flesh by culinary preparation that it is rendered susceptible of mastication or digestion, and that the sight of its bloody juices and raw horror does not excite intolerable loathing and disgust."
(Percy Bysshe Shelley )
"Never again may blood of bird or beast
Stain with its venomous stream a human feast,
To the pure skies in accusation steaming"
"It is only by softening and disguising dead flesh by culinary preparation that it is rendered susceptible of mastication or digestion, and that the sight of its bloody juices and raw horror does not excite intolerable loathing and disgust."
(Percy Bysshe Shelley )
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
Quanto a um desejo,
Poema 10
Hemos perdido aun este crepúsculo.
Nadie nos vio esta tarde con las manos unidas
mientras la noche azul caía sobre el mundo.
He visto desde mi ventana
la fiesta del poniente en los cerros lejanos.
A veces como una moneda
se encendía un pedazo de sol entre mis manos.
Yo te recordaba con el alma apretada
de esa tristeza que tú me conoces.
Entonces, dónde estabas?E
Entre qué genes?
Diciendo qué palabras?
Por qué se me vendrá todo el amor de golpe
cuando me siento triste, y te siento lejana?
Cayó el libro que siempre se toma en el crepúsculo,
y como un perro herido rodó a mis pies mi capa.
Siempre, siempre te alejas en las tardes
hacia donde el crepúsculo corre borrando estatuas.
(Veinte poemas de amor y una canción desesperada, Pablo Neruda)
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
Quanto à distância,
Poema 17
Pensando, enredando sombras en la profunda soledad.
Tú también estás lejos, ah más lejos que nadie.
Pensando, soltando pájaros, desvaneciendo imágenes,
enterrando lámparas.
Campanario de brumas, qué lejos, allá arriba!
Ahogando lamentos, moliendo esperanzas sombrías,
molinero taciturno,
se te viene de bruces la noche, lejos de la ciudad.
Tu presencia es ajena, estraña a mí como una cosa.
Pienso, camino largamente, mi vida antes de ti.
Mi vida antes de nadie, mi áspera vida.
El grito frente al mar, entre las piedras,
corriendo libre, loco, en el vaho del mar.
Desbocado, violento, estirado hacia el cielo.
Tú, mujer, qué eras allí, qué raya, qué varilla
de ese abanico inmenso? Estabas lejos como ahora.
Incendio en el bosque! Arde en cruces azules.
Arde, arde, llamea, chispea en árboles de luz.
Se derrumba, crepita. Incendio. Incendio.
(Veinte poemas de amor y una canción desesperada, Pablo Neruda)
Pensando, enredando sombras en la profunda soledad.
Tú también estás lejos, ah más lejos que nadie.
Pensando, soltando pájaros, desvaneciendo imágenes,
enterrando lámparas.
Campanario de brumas, qué lejos, allá arriba!
Ahogando lamentos, moliendo esperanzas sombrías,
molinero taciturno,
se te viene de bruces la noche, lejos de la ciudad.
Tu presencia es ajena, estraña a mí como una cosa.
Pienso, camino largamente, mi vida antes de ti.
Mi vida antes de nadie, mi áspera vida.
El grito frente al mar, entre las piedras,
corriendo libre, loco, en el vaho del mar.
Desbocado, violento, estirado hacia el cielo.
Tú, mujer, qué eras allí, qué raya, qué varilla
de ese abanico inmenso? Estabas lejos como ahora.
Incendio en el bosque! Arde en cruces azules.
Arde, arde, llamea, chispea en árboles de luz.
Se derrumba, crepita. Incendio. Incendio.
(Veinte poemas de amor y una canción desesperada, Pablo Neruda)
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
Quanto à textura,
Tudo parecia completo, em seu lugar.
Tão fácil, tão tranqüilo, o intocável colorido.
era doce e terno,
era violento e explosivo,
era perigoso.
Era extenso - comprido
e curto - cumprido, como instantâneo.
Vibrante, silencioso, generoso
perfeitamente - único
Gostoso, quente, agitante
obrigatoriamente - seu
Meu, nosso - deles
como se isso fosse tudo,
era mudo. Decotado.
Prestativo, inspirado, forte
era um fato, inato.
Tinha reflexo, cativava
como um gancho que lhe puxava.
Mas, de repente,
- junto com o horizonte -
se foi.
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