terça-feira, 21 de outubro de 2008

Quanto a revoltas,

Vamos celebrar a estupidez humana,
A estupidez de todas as nações,
O meu país e sua corja de assassinos,
Covardes, estupradores e ladrões.
Vamos celebrar a estupidez do povo,
Nossa polícia e televisão.
Vamos celebrar nosso governo
E nosso Estado, que não é nação.
Celebrar a juventude sem escola,
As crianças mortas,
Celebrar nossa desunião.
Vamos celebrar Eros e Thanatos, Persephone e Hades.
Vamos celebrar nossa tristeza.
Vamos celebrar nossa vaidade.

Vamos comemorar como idiotas,
A cada fevereiro e feriado,
Todos os mortos nas estradas,
Os mortos por falta de hospitais.
Vamos celebrar nossa justiça,
A ganância e a difamação.
Vamos celebrar os preconceitos,
O voto dos analfabetos,
Comemorar a água podre
E todos os impostos,
Queimadas, mentiras e seqüestros.
Nosso castelo de cartas marcadas,
O trabalho escravo,
Nosso pequeno universo.
Toda hipocrisia e toda afetação,
Todo roubo e toda a indiferença.
Vamos celebrar epidemias:
É a festa da torcida campeã.

Vamos celebrar a fome,
Não ter a quem ouvir,
Não se ter a quem amar.
Vamos alimentar o que é maldade,
Vamos machucar um coração.
Vamos celebrar nossa bandeira,
Nosso passado de absurdos gloriosos,
Tudo o que é gratuito e feio,
Tudo que é normal.
Vamos cantar juntos o Hino Nacional
(A lágrima é verdadeira)
Vamos celebrar nossa saudade
E comemorar a nossa solidão.

Vamos festejar a inveja,
A intolerância e a incompreensão.
Vamos festejar a violência
E esquecer a nossa gente
Que trabalhou honestamente a vida inteira
E agora não tem mais direito a nada.
Vamos celebrar a aberração
De toda a nossa falta de bom senso,
Nosso descaso por educação.
Vamos celebrar o horror
De tudo isso - com festa, velório e caixão
Está tudo morto e enterrado agora
Já que também podemos celebrar
A estupidez de quem cantou esta canção.

Venha, meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta,
Chega de maldade e ilusão.

Venha, o amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera
-Nosso futuro recomeça:
Venha, que o que vem é perfeição.


(Perfeição - Legião Urbana)

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Quanto ao entendimento,

"O que eu sinto eu não ajo. O que ajo não penso. O que penso não sinto. Do que sei sou ignorante. Do que sinto não ignoro. Não me entendo e ajo como se me entendesse."

(Clarice Lispector)

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Quanto à noite escura,

Blackbird singing in the dead of night
Take these broken wings and learn to fly
All your life
You were only waiting for this moment to arise.
         ♫
Blackbird singing in the dead of night
Take these sunken eyes and learn to see
All your life
You were only waiting for this moment to be free.
      ♪ ♫
Blackbird fly Blackbird fly
Into the light of the dark black night.


(Black Bird - The Beatles)