quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Quanto a um instante,

Venho lhe propor uma viagem. Destino: o extremo mais íntimo da sua consciência. Uma busca incansável que poderá causar danos até àqueles mais experientes. Proponho-lhe o auto-conhecimento. Nada muito aprofundado a princípio, simples assim, uma leve indagação: o que sentes?
Essa é uma tarefa que deixo para as grandes pessoas, aquelas capazes de conhecer tudo o que sentem e que possuem a segurança e a certeza necessária para explicarem, transmitirem este universo em palavras. Aquelas que conseguem definir e exprimir suas emoções e sensações sem traírem sua razão. Estas, meu caro, devem ser grandes. Realmente não conheço outro adjetivo melhor, perdoe o meu restrito vocabulário.
Não me atrevo sequer a pensar em tudo o que sinto, quanto mais querer que outra pessoa compreenda o que não compreendo, o que freqüentemente desejamos e exigimos do outro.
Mas tornemos a situação mais concreta. Por exemplo, pense neste instante. Agora neste. Nesse outro que passou, talvez. Enquanto estavas lendo já passaram-se mais alguns instantes. Veja que não usei uma unidade definida para deixá-lo bem à vontade, quero incentivar sua imaginação usando do instante tão subjetivo a cada interpretação. Um instante, porém, sempre acaba. E então vem outro, e outro.. e mais outro. Todos eles carregados por turbilhões de pensamentos e sensações diferentes.
Enquanto lês concentrado - ou não -, sem perceber ouves o vizinho conversando com alguém, o vento soprando, uma música tocando. Tuas costas podem estar doendo, tua vista pode estar cansada, teus pés podem estar gelados e podes estar sentindo frio. Podes estar sentindo o gosto de uma bala, ou um chiclete, pensando em alguém ou querendo que alguém pense em ti, podes estar simplesmente querendo que o mosquito ache outra orelha, que não a tua, para incomodar. Enfim, muitas outras situações poderiam ser citadas e acontecer todas ao mesmo tempo.
Queres saber o que é pior? Ter que controlar tudo isso!
Deixo esta tarefa para as grandes pessoas. Pessoas grandes mesmo, em qualquer sentido!

(Thatiane C. Pires)

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